Oliver desconhecia a maldade
Há pessoas que pensam
ser - aquele que trabalha com letras, palavras, frases... - um construtor de
textos. Pode ser. Mas eu prefiro colocar estes profissionais na categoria dos
incentivadores de sentimentos. Sabe por que? É simples... Existem,
evidentemente, os que constroem textos com propósito exclusivamente comercial.
Uma boa parcela dos que escrevem, porém, é movida por inspiração interior. Se
entrega, inteiramente, ao que é ditado pelo coração. As palavras, boas ou
ruins, partem de dentro do peito e vão se alojar no papel (apesar dos
sofisticados recursos eletrônicos, hoje disponíveis, ainda gosto de pensar nos
escritores se expressando em papel).
Sou jornalista. Às vezes me obrigo a fazer abordagens nada serenas. Notícias, artigos, crônicas... Nem sempre é o bom que se apresenta às tarefas do nosso dia-a-dia. De vez em quando recebemos a missão de escrever sobre coisas que nos torturam. Coisas que abominamos... Coisas que repudiamos... Se pudéssemos faríamos com que desaparecessem do universo e fossem, inclusive, esquecidas pela história. No entanto: somos profissionais da notícia e a recomendação é de que “o leitor seja sempre contemplado com a mais pura realidade dos fatos".
OS OLHOS REVELAM
Eu sou um jornalista sentimental... Um sentimental irremediável. Quem trabalha comigo sabe... Volta e meia preciso fechar a porta da minha sala para que não percebam as lágrimas que correm pelo meu rosto. Verdade... Posso até me lembrar, neste momento, de alguns escritos que montei com o coração partido... Emocionado... Literalmente chorando.
Pois é... Na noite de 9 para 10 de junho o amoroso Oliver, solto no pátio da casa onde moram Roger Pacheco e Dalvana Brandt, sentiu que alguém se aproximava. Sempre louco para fazer amigos aproximou-se da grade que cerca a moradia e foi presenteado, pelo visitante até agora desconhecido, com um pedaço de carne. Tem uma ideia da gratidão que o amável cão demonstrou? Tem? Olhou para quem o presenteava com um amor indescritível. Deve ter pensado: “Poxa. Nestas alturas da madrugada alguém se preocupa com a minha alimentação. Sou um animal de sorte”.
Deve ter pensado assim o amável Oliver. Contudo: ao amanhecer nenhum tratamento veterinário pôde salvá-lo. O presenteador da madrugada, na verdade, o havia envenenado. Não teve clemência. Mesmo bem recebido - e contemplado com aquele olhar de bondade sem fim - não teve clemência. Largou no pátio o veneno que, na manhã seguinte, determinaria o final da caminhada e dos gestos de amizade do, agora, inesquecível Oliver. Perdoem-me colegas de Correio Regional. Vou demorar um pouco para reabrir a minha porta. (Autor: Francisco de Campos - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98)
Sou jornalista. Às vezes me obrigo a fazer abordagens nada serenas. Notícias, artigos, crônicas... Nem sempre é o bom que se apresenta às tarefas do nosso dia-a-dia. De vez em quando recebemos a missão de escrever sobre coisas que nos torturam. Coisas que abominamos... Coisas que repudiamos... Se pudéssemos faríamos com que desaparecessem do universo e fossem, inclusive, esquecidas pela história. No entanto: somos profissionais da notícia e a recomendação é de que “o leitor seja sempre contemplado com a mais pura realidade dos fatos".
OS OLHOS REVELAM
Eu sou um jornalista sentimental... Um sentimental irremediável. Quem trabalha comigo sabe... Volta e meia preciso fechar a porta da minha sala para que não percebam as lágrimas que correm pelo meu rosto. Verdade... Posso até me lembrar, neste momento, de alguns escritos que montei com o coração partido... Emocionado... Literalmente chorando.
Imagine como me
expressei depois da morte de Ayrton Senna... Frente à constatação de que meu
filho pequeno era alvo de bullying no colégio... Quando fui obrigado a deixar de lado minha velha Olivetti para
ingressar no mundo dos computadores... Nas ocasiões em que amigos perderam
filhos muito prematuramente.... No dia do falecimento da minha mãe... Morte de
crianças/adolescentes/jovens é algo que me deixa inconformado e, para fazer a
notícia, obrigo-me a fechar a porta da sala.
Quem tem a
oportunidade de folhear
os inúmeros volumes da coleção do Correio Regional se torna ciente do que estou
aqui falando. No início da década de oitenta faleceu o prefeito Arlindo
Hermes/Mão (de Não-Me-Toque) - jovem político com quem mantinha uma verdadeira
amizade. Uma amizade nascida e nutrida bem antes de ele ingressar na política.
Imagine você em que estado de espírito eu fiz essa notícia.
EPISÓDIO RECENTE
Fique
certo de que agora estou fechando a porta da minha sala. Vou escrever sobre um
cão muito amado, da raça buldogue, chamado Oliver, que era cuidado com especial
zelo pelo casal Roger Pacheco/Dalvana Brandt (Carazinho/RS). Dos olhos desse
animal, feio fisicamente mas lindo de alma, partiam sempre generosos fachos de
bondade. Toda pessoa que algum tempo dedicava para observar Oliver era
contagiada pelo amor fluente de seu olhar e, também, das suas atitudes. Era um
cão que, sei lá por que, só sabia transmitir carinho.Pois é... Na noite de 9 para 10 de junho o amoroso Oliver, solto no pátio da casa onde moram Roger Pacheco e Dalvana Brandt, sentiu que alguém se aproximava. Sempre louco para fazer amigos aproximou-se da grade que cerca a moradia e foi presenteado, pelo visitante até agora desconhecido, com um pedaço de carne. Tem uma ideia da gratidão que o amável cão demonstrou? Tem? Olhou para quem o presenteava com um amor indescritível. Deve ter pensado: “Poxa. Nestas alturas da madrugada alguém se preocupa com a minha alimentação. Sou um animal de sorte”.
Deve ter pensado assim o amável Oliver. Contudo: ao amanhecer nenhum tratamento veterinário pôde salvá-lo. O presenteador da madrugada, na verdade, o havia envenenado. Não teve clemência. Mesmo bem recebido - e contemplado com aquele olhar de bondade sem fim - não teve clemência. Largou no pátio o veneno que, na manhã seguinte, determinaria o final da caminhada e dos gestos de amizade do, agora, inesquecível Oliver. Perdoem-me colegas de Correio Regional. Vou demorar um pouco para reabrir a minha porta. (Autor: Francisco de Campos - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98)
Comentários
Postar um comentário