Clamor ao assassino
Sou quase uma fortaleza
Valente... Não foge à briga
Jamais se rende à intriga
Nem menospreza inimigo.
Ostento a essência do trigo
Que se transforma no pão
Sem dispensar ocasião
De nutrir um bom vivente
Sempre me faço presente
No cumprir da obrigação.
Você chegou de surpresa
Para afligir toda a terra.
Já nos bastava a guerra
Fruto da pura ambição
Ausência de coração
Em quem ostenta o poder.
É bem fácil resolver
Quando se usa a cabeça
Não há o que aconteça
Que só frutifique o sofrer.
Grande rei da pandemia
De onde mesmo saiu?
As opiniões dividiu
Neste mundo assustado.
Quem ao poder é apegado
Inventa todo argumento
Como se esse tormento
Fosse só uma gripezinha
Igual àquela da galinha
Que não causou desalento.
Leva nosso povo à morte
Sem a menor clemência.
Na escassez de consciência
Dos cuidados essenciais
Como se fossem animais
Muita gente se comporta
Ao tempo que se conforta
Na perda dos bem queridos
Os corações já feridos
De onde veio você volta.
O sacrifício é rotina
De quem habita este chão.
É insistente a aflição
Desta gente desprovida
De alentos para a vida
Em total desigualdade.
Que se amplie a vontade
Da mais real resistência
Enquanto se forma consciência
De fazer felicidade.
Inclemente vírus corona
Quer cessar os nossos sonhos.
Veja aqui olhos tristonhos
Diante do seu poder
Que acarreta o sofrer
De seres desprevenidos
Mas sempre bem convencidos
De desfecho triunfante.
Você não é o bastante
Pra fraquejar destemidos.
As casas estão fechadas
A economia fraqueja.
De onde você esteja
Faça breve raciocínio.
O que ganha com declínio
De populações inteiras?
Nos deixe usar as esteiras
Da agradável rotina
Que esta fase assassina
Nega em todas as fronteiras.
O belo sorrir da criança
O fulgor da juventude
Dos vovôs rica virtude
Corona... Seu destrutivo...
No mal você é produtivo
Porque mata sem clemência.
Digo que é pura indecência
É um invisível covarde
Cuja ação nos corpos arde
Vivente sem consciência.
Você chegou de surpresa
É matador disfarçado
Me obriga a ser mascarado
Pra fugir da sua ira.
Tira-nos da sua mira
Se equipa de coração
Muda o estilo de ação
Isso vai lhe fazer bem.
Sofrer para mais ninguém
Seja um ser de devoção.
Posso até estar sonhando
Com despertar de consciência.
Mas lhe digo que a ciência
Vai barrar sua maldade.
Se matar é sua vontade
Não mire para a inocência.
Mate a inconsciência
Dos agentes do poder
Que deixam povo sofrer
Sem adequada assistência.
(Francisco de Campos - Todos os direitos reservados.
Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98.)
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