Eu também tive um pai...


   Hoje é o dia dos pais... Eu perdi meu pai em setembro de 2019... Foi uma experiência amarga. Eu ainda não tinha vivenciado, de perto, o encerramento de uma existência. Meu pai, sentenciado pelos exames médicos, não mais tinha chance de estendimento da vida. A gente, porém, acreditava que algo de excepcional podia mantê-lo, bem vivo fisicamente, entre nós. 

   Não deu certo. Ele, com uma esperança enorme de vida, nos deixou. Sei que, se dependesse da vontade dele, ficaria por aqui eternamente. Nos daria amparo de todos os tipos. Afinal: pai foi feito para isso mesmo. Entretanto: meu pai, Jovaldino Padilha de Campos, aquele todo poderoso que está sempre pronto a protegê-lo, fraquejou frente ao ritmo normal da existência. 

   Há, contudo, uma certeza nos corações de quem com ele conviveu. Se dependesse da sua vontade, dos desejos do seu coração, ficaria aqui, a nos abrigar afetuosamente, até a eternidade. É assim que o vejo. Meu pai. Eu. Minha vida. Meus irmãos. Minha mãe querida que se afastou um pouco antes... Hoje reverenciamos aquele ser humano que foi obrigado a deixar de ser criança para se tornar, em tempo relâmpago, adulto. Afinal: só os adultos têm condições de assumir uma família de seis filhos. 

   Sim!!! Meu pai nunca confessou as suas fragilidades. No entanto, depois de criar quatro filhos e já contabilizar netos e até bisnetos, eu estou convicto de que, em muitos momentos da vida dele, a insegurança apareceu. E esses momentos só foram corretamente superados porque ele, mesmo sem essa cultura oficial que pregam aos seres humanos, em quatro paredes, impedidos de pensar, era muito maior que o desafio.

   Meu pai, um serzinho frágil saído do interior de Vacaria, sem amparo algum, formou família que pôde lhe dar orgulho. Exercendo um sacrifício que aqui nem precisa ser explicado encerrou uma existência com merecimento de todas as honras. É claro que, por ser de natureza humilde, essas honras deixaram de aparecer oficialmente. Em compensação: tudo o que noticiei, nas páginas do jornal que ousei criar e sustentar ao longo de 42 anos, foi inspirado em seus exemplos de vida. 

    Meu pai jamais me ditou linha de conduta. Ele só me deu exemplos que tento acatar. Tento. É claro. Eu tento. Que Deus me permita ser pelo menos uma molécula do muito que ele me ensinou. Beijo, Jovaldino Padilha de Campos, com o melhor que pode existir dentro de um coração. (Autor: Francisco de Campos/Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98)

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