Ela escreveu sobre flor


     Se estou triste
    Se sinto dor
    Pego meu lápis
    E escrevo flor...

    É... Fico melhor
    Ao escrever flor
    Pego meu lápis
    E escrevo amor...

    Amor e flor
    Estima e amizade
    Peças vitais
    De felicidade...

    Carine e Renato
    Heitor e Heloísa
    Assim é o amor
    Que se idealiza...

    Meu caro Heitor... A sua carta me deixou muito honrado... Envaidecido... Elogiado. Afinal: não é todo dia que a gente recebe palavras tão agradáveis de um "fenômeno". 
    Você diz, Heitor, que meu enfoque, sábado passado (25/6), sobre suas conquistas, tem frases maravilhosas, legais, bonitas... Bondade sua. Esses e outros bons adjetivos é você quem merece por, ainda tão jovem, sentir vontade de expressar gratidão.
    Frases... Você sabia, Heitor, que as minhas primeiras frases foram escritas aos dezesseis anos de idade? Caprichei. Lembro-me de que caprichei bastante. Mesmo assim as minhas primeiras frases não renderam prêmios. As suas, elogiadas e premiadas, já são conhecidas em boa parte do Brasil e do Canadá. E levemos em conta que você está apenas com sete anos.
    Tem uma ideia, Heitor, do nível a que você pode chegar no passar do tempo? Aposto que você tem horizontes infinitos. Eu comecei com dezesseis anos e recebo os seus elogios (com alguns outros de pessoas generosas). Você está na pole position da literatura. É certo que a vida lhe reserva uma "bandeirada" para cada final de corrida.
    QUEM ME FEZ ACREDITAR
    Grato então, Heitor, pela retribuição ao que escrevi sábado passado (25/6 - cartinha do Heitor ilustra a abertura desta crônica). Vou lhe revelar algo que, por falta de oportunidade adequada, ainda não é de conhecimento público. Vou lhe contar quem me convenceu - mais de quarenta anos atrás - de que é possível escrever frases bonitas sobre qualquer coisa.
    Iraci Gomes de Oliveira. Este era o nome da pessoa que me presenteou com os primeiros ensinamentos literários. Mais tarde ela passou a se chamar Iraci Franke - por força de casamento com o galã Martin Franke. Dia destes me encontrei com ela na academia de ginástica. Constatei, feliz, que continua bonita, saudável e cheia de otimismo. 

    Recapitulação - Eu era estafeta de um jornal em Carazinho. Iraci Gomes de Oliveira era a gerente. Portanto: minha chefe. A professora de português tinha me dado a tarefa de fazer um texto sobre flor. Eu estava em pânico. Chegara o dia de entregar o trabalho e eu não tinha a menor ideia do que fazer. Escrever o que sobre flor? Meu Deus!!! Escrever sobre flor!!! Socorro!!!
    Falei do meu suplício para a chefe Iraci Gomes de Oliveira. Ela era chefe mas, independentemente dessa posição, gostava de se mostrar amiga dos seus comandados. Eu a respeitava como chefe e tinha zelo especial pela amizade que me dedicava. Coisa rara em todos os tempos. Mas entre nós era assim de verdade.
    Eu precisava fazer um texto sobre flor. Iraci Gomes de Oliveira não dispunha de tempo para me ajudar porque, justamente naquele dia, tinha uma série de afazeres fora da sede do jornal. Trocamos ideias e acabamos firmando um acordo: Eu cumpriria a agenda de contatos dela... Ela, depois que eu voltasse, me ditaria um texto sobre flor.
    Trabalho cumprido - Iraci Gomes de Oliveira foi falando o que eu devia colocar no papel. Fluíram as mais lindas frases sobre flor. Os mais preciosos parágrafos sobre flor. Duas folhas de caderno preenchidas sob a inspiração de flor. Incrível. Surpreendente. Chocante. Eu, com o parco conhecimento literário daqueles meus dezesseis anos, estava de boca aberta. Jamais poderia imaginar que flor rendesse um texto tão perfeito.
    A minha professora de português também ficou chocada. Incrédula. Mesmo assim não pode negar: o texto estava perfeito. E a nota foi dez. É... A nota foi dez. Exatamente nesse instante nasceu o jornalista Francisco de Campos. O adolescente que achava impossível escrever uma linha sobre flor tornou-se, em frações de segundo, um garimpador de palavras para textos de todos os gêneros.
    Meu caro Heitor... Exatamente assim começou a minha escalada no mundo das letras. Aposto que, no meu lugar, você não daria tanto trabalho para Iraci Gomes de Oliveira. Eu, evidentemente, tive que recorrer às aptidões dela. E o que posso fazer para retribuir? O que posso fazer? É!!! Já sei... Vou contar a Iraci Gomes de Oliveira que a lição que me deu estou transmitindo, hoje, a você.
    Heitor... Fenômeno é você. (Autor: Francisco de Campos - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98)

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