Algo melhor que oração

 


Eu sou fã da humildade.

Meu bolso é pouco recheado.

Mas há ali o suficiente

Pra ir ao supermercado.

 

Sempre levo uma listinha

Daquilo que é preciso.

Racionalizo nas compras.

É essencial ter juízo.

 

Com carrinho sempre cheio

Vou fazer o pagamento.

O caixa é todo sorriso

Só o que faz é meu contento.

 

É no caixa, no entanto,

Que meu alegrar se desfaz.

Vejo um carrinho ao lado

Que elimina minha paz.

 

É o carrinho de ninguém.

Mas nele algo sobrou.

A lista de algum cliente

O bolso não suportou.

 

Vejo doce de criança.

Salgadinho e pipoca.

Alguém deve ter sentido

A dor que isso provoca.

 

Dói em mim que só assisto

O imbatível limite humano.

Não porque a terra seja cruel.

Mas o poder é insano.

  

Eu só declamo ao amor.

Hoje fujo a esse estilo.

O que ficou no carrinho

É um persistente grilo.

 

O salário brasileiro,

Estimado em seis mil,

É sonho para a maioria

Que se conforma com vil.

 

Já vi centenas de mães

Deixando algo em carrinho.

Mas se meu cartão suporta

Pago com todo carinho.

 

Quer proporcionar alegria?

Vá com tempo ao mercado.

Se pagar pipoca e salgadinho

Sentir-se-á abençoado.

 

Com um pouquinho do bolso

Ajudo a concretizar sonhos.

Antevejo o ser contemplado

Diante de filhos risonhos.

 

(Autor: Francisco de Campos - Todos os

 direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais n° 9610/98)

 

 

 

 

 


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