Nomes que a gente não esquece (parte dois)

    Acabo de romper a embalagem perfeita, de madeira, de um presente que recebi três anos atrás. Só fiz isso porque quem me pediu jamais irá receber um não como resposta. Mas confesso que senti uma certa angústia ao mutilar algo que me chegou repleto de carinho. Porém: sem a abertura da embalagem eu não poderia usufruir do conteúdo. 
    Eu sou assim. Não gosto de mexer naquilo que se mostra quieto. Mesmo que seja um pacote. Penso que todo presente que recebo precisa ser carinhosamente guardado para sempre. É uma forma, acredito eu, de manter na memória as bondades que me são endereçadas através dos anos. Entretanto: hoje abri uma das muitas embalagens que estão no meu acervo.
    Fiz neste sábado uma exceção. Até me surpreendi com este gesto de coragem. Abri a embalagem de um presente. Dizem que pelo menos um dia a gente corre o risco de sair da linha. Pois é. Eu acho que hoje sai da linha. Eu, que guardo caixas de chocolate intactas há trinta e tantos anos, toquei as mãos e consumi o Vinho do Porto que me foi gentilmente dedicado pela professora Eloisa Dreyer.
    É com esse zelo que mantenho imaculadas as amizades que cultivei ao longo destes meus vinte e poucos anos (depois dos quarenta). Hoje, no segundo capítulo de Nomes que a gente não esquece, vou falar de mais pessoas que contribuíram para eu chegar ao ser plenamente feliz que sou. Veja, a seguir, mais alguns dos meus inesquecíveis...  
    - Ivar Hartmann - Promotor de justiça que atuou em Carazinho e nas cidades circunvizinhas. É, atualmente, um dos colunistas do Correio Regional. Nos afinamos pela perspicácia e, também, pela ironia com que encaramos determinados episódios sociais e políticos do país. É um homem de imensurável tamanho. Mas se mostra com a mais plena simplicidade.
    - Luizinho Ioris - Amigo que era tipo um emblema de Não-Me-Toque quando, em julho/1978, coloquei o Correio Regional em circulação. Pessoa desprendida me emprestava carro, dinheiro, tênis... Era impedido de me emprestar bota porque não tinha. Só eu tenho coragem de usar bota 365 dias por ano. Amigo inesquecível. Talvez ele nem saiba o quanto foi importante na minha vida.
    - Jairo João Bocasanta - Um filósofo da nossa era. Também colunista do Correio Regional. Nossa relação, no entanto, vem de muito antes. No início dos anos setenta tivemos a coragem de assumir o CMD (Conselho Municipal de Desporto) em Não-Me-Toque. Fizemos memoráveis campeonatos. Tudo sem um centavo sequer de remuneração. Só pelo bem da causa.
    - João Carlos Siqueira - Policial de primeiríssima linha. Orgulho da nossa briosa Brigada Militar. Nos conhecemos em Colorado quando, além de comandante da polícia militar, era patrão do CTG Severo Sampaio de Quadros (entidade que ele mesmo fundou). Nada a ver... Mas também é, atualmente, colunista do Correio Regional. Chego a conclusão de que este jornal é um conjunto de gente boa.
    - Harry Alberto Erpen - Este cidadão merece muitas páginas. Em quatro ou cinco linhas não posso dar a mínima ideia do que representou para o nosso planeta. Contudo: me reprovaria, terminantemente, se vislumbrasse aqui, para ele, algum privilégio. Então eu falo dele em poucas linhas. Só que obrigo-me a dizer: "Nunca haverá alguém que a ele se assemelhe". 
    - Nei César Mânica - Este é hoje um dos mais poderosos homens desta região. Nem sempre foi assim. A sua ascensão se deu, de forma gradativa, mas com uma solidez impecável. Companheiro fiel do saudoso Schmitão soube manter a elegância nos bons e nos maus momentos. Por isso está aí entre as estrelas do Rio Grande do Sul. O Nei é, acima de todas as virtudes, um ser de enorme coração.
    - Sílvio Tramontini - Agora falo daquele amigo que você pode ter na alegria e na tristeza. A gente fica sem se falar, até por alguns anos, mas quando se encontra a amizade se mostra ainda mais forte. O Sílvio, preciso dizer, é um menino que vi crescer. Se eu tivesse que viajar ao Japão, sem um centavo no bolso, escolheria este amigo para me fazer companhia. É um homem de confiança.
    -  Ildomar Marodim - Advogado de uma competência indescritível tem sido, para mim, um anjo da guarda. Eu até lhe dei o apelido de Anjo da Guarda. Como você iria chamar alguém que lhe aponta soluções em tempo relâmpago quando a situação é de desespero? Eu chamo de Anjo da Guarda. Doutor Marodim - meu anjo da guarda. Um abraço com toda reverência.
    - Edvino Lauermann - Já classifiquei o doutor Marodim de anjo da guarda. Como posso classificar este outro magnífico homem do direito? Pois é. Anjo da Guarda II não dá. Apesar de que eu gostaria de ter dois anjos da guarda desse tamanho. Vou, resignadamente, dirigir-me ao Edvino com esta classificação: "Você é o cara. Você, além de hábil na lida com o direito, tem enorme coração."
    VAI TER MAIS
     Poxa!!! Eu não tinha pensado que tanta gente merecia a minha lembrança/gratidão. No desenrolar destas revelações constatei que sou um sujeito por demais privilegiado. Obrigo-me a anunciar, para sábado que vem (13/5), um terceiro capítulo. Nomes que a gente não esquece vem, no próximo fim de semana, em um imprevisto mas inevitável terceiro capítulo. São muitos os seres que garantiram lugar no meu coração. Eles precisam saber disso. (Autor: Francisco de Campos - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais Nº 9610/98)

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