Capricho até no chinelo

Eu tenho um par de chinelos havaianas.

Grande coisa... Você não acha???

Ter chinelos havaianas...

Quem não tem??? Se você vive tem!!!

Mas os meus chinelos havaianas são diferentes.

Os meus chinelos têm vida sem fim.

Não sou eu quem compra.

Me são dados de presente.

Que vida longa tem esse presente.

Os anos se passam. O mundo se modifica.

O meu par de chinelos havaianas é sempre novo.

Eu troquei as minhas roupas e os meus outros calçados.

Troquei até o meu modo de viver.

Melhorei sentimentos. Amadureci entendimentos.

Só que o meu par de chinelos ainda é havaianas.

Você sabe que eu tenho uma séria desconfiança...

Que segredo tem a longevidade das minhas havaianas?

Eu acho que até sei a resposta. Sim!!! Eu sei.

A minha vida tem sido mais que perfeita.

Aquilo que eu chamo de sorte é alguém abnegado.

Alguém abnegado em zelo pela minha paz.

Tanto que pensa até no meu par de chinelos havaianas.

Não tem longevidade maior do que o meu par de havaianas.

O meu par de havaianas só permanece no lugar de sempre

Porque uma mão amável e atenciosa o substitui com o tempo.

Que conclusão gratificante! Meus chinelos indestrutíveis.

Jamais foram indestrutíveis. Resistiram à força do tempo e do uso.

Meu par de chinelos havaianas está sempre no lugar.

Sabe por que??? Porque há vigilância pela sua perenidade.

Essa vigilância é de quem me deu o primeiro par.

Essa vigilância é de quem me deu o par de hoje – azul celeste.

Essa vigilância tem uma forma global. Não zela somente pelos pés.

Não se mostra só num par de havaianas. Se mostra no frio e no calor...

Se mostra na alegria e na tristeza. Se mostra no dever e no pagar.

O par de chinelos havaianas é apenas um símbolo do que vivo.

É um símbolo do amor que um ser grandioso me dedica.

É o dizer sem palavras: “Pisar no frio lhe faz mal”.

Meu par de havaianas!!! Que honra!!! Que gratidão!!!

Eu devo aos céus este par de chinelos havaianas.

Eu devo aos céus quem torna esses chinelos novos a cada dia.

Eu devo aos céus! Eu devo aos céus! Eu devo aos céus!

(Autor: Francisco de Campos - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais n° 9610/98)